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Perpendicular: intervenção artística no entorno do museu

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O Museu Inimá de Paula (Belo Horizonte) lança o projeto Perpendicular: ações para museu. O projeto consiste na realização de intervenções artísticas no espaço urbano, mais precisamente, nas ruas que cirundam o museu. Segundo nota de divulgação, o evento terá três horas de duração, acontecendo no dia 28 de outubro, quarta-feira, às 19 horas.

Observamos que as diversas instituições se abrem cada vez mais para ações desse tipo, instaurando zonas de experimentação [ZnExs] em arte. O que desejamos é que surja, afinal, uma rede de ações permanentes, com investimentos voltados à sustentabilidade da arte da performance em Belo Horizonte. A iniciativa do Museu Inimá de Paula merece o nosso aplauso. Ao lado de outras ações que não têm caráter institucional, consolida-se uma vocação e uma ocupação criativa da cidade. Rompe-se, desse modo, o círculo do conservadorismo. Habitar a cidade passa a ser uma atitude estética. Alguns artistas e coletivos de criação, como o Poro por exemplo, poderiam acrescentar: uma dimensão política também (mas no sentido de uma micropolítica).

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Ecum: programa de oficinas 2009

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O Ecum – Centro Internacional de Formação em Artes Cênicas – divulga  o seu Programa de Oficinas de 2009. O Programa ocorrerá em Belo Horizonte, no período de 26 a31 de outubro de 2009. E sendo  parte do calendário do Ano da França no Brasil, trará artistas e pesquisadore franceses importantes, numa concentração ímpar.

Interessante, além disso, a modificação que o Ecum realiza: de  “Encontro Mundial de Artes Cênicas”  para “Centro Internacinal de Formação e Pesquisa em Artes Cênicas”. Acredito que não se trata da mesma coisa. Guilherme Marques e sua equipe estão, sem dúvida alguma, criando uma nova plataforma para o projeto. Aguardamos , então, notícias sobre essas novas perspectivas.

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Manifestação Internacional de Performance: Mip 2009

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A Manifestação Internacional de Performance/Mip 2009, está ocupando  espaços e tempos de Belo Horizonte, com apresentações no período de 03 a 09 de agosto de 2009.

A presença da performance como linguagem tem conquistado públicos e artistas.  A Mip é uma mostra desse desejo e é realizada pelo Ceia – Centro de Experimentação de Arte e Informação, com idealização e coordenação de Marco Paulo Rolla e Marcos Hill. Aliás, devo a Marcos Hill a minha iniciação no campo da performance art, desde sua conferência no Centro de Cultura Belo Horizonte, no Seminário sobre Performance, que teve curadoria de Ricardo Aleixo e contou, entre as presenças, com o nosso saudoso Renato Cohen.  Depois disso Hill ministrou uma oficina para uma montagem minha no Curso de Artes Cênicas/ Escola de Belas Artes/UFMG.  Marco Paulo Rolla é um dos pioneiros da performance em Belo Horizonte, sem falar nas suas instalações e trabalhos surpreendentes.

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Política de cultura: o balanço das horas

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Algumas pessoas perguntam se é possível, no âmbito das políticas públicas de cultura, realizar um trabalho que contemple a diversidade, a inovação, a transdiciplinaridade, os novos agenciamentos e apropriações coletivas e democráticas dos espaços e tempos.

Respondo afirmativamente. E como termino um ciclo de gestão cultural, quando estive à frente dos Teatros da Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte (2005 a 2009), apresento este pequeno balanço das horas.

A imagem acima  traz a página de um dos jornais de Belo Horizonte (Jornal O Tempo, matéria de Daniel Barbosa ), mostrando a arrancada da ação. Na foto, Ricardo Aleixo e Renato Negrão, poetas e performers que se apresentaram no evento de abertura com outros artistas, lançando também a Zona de Invenção Poesia &, parceira  da Arte Expandida.

Cortiços: Cia Luna Lunera

A Cia Luna Lunera (BH) montou Cortiços, baseado na obra de Aloísio Azevedo. O grupo convidou o coreógrafo e bailarino Tuca Pinheiro, que fez a direção e coordenação dramatúrgica. O espetáculo faz parte do projeto Observatório de Criação.

Cortiços explora um caminho corporal da abordagem cênica, utilizando também de elementos visuais, como centenas de garrafas com líquidos coloridos, que também fazem parte do discurso. O cenário é um piso de madeira cercado de garrafas, com uma tina ao fundo e sobre a qual cai interminavelmente água, uma escada aberta e, fora dessa configuração, uma quadro negro móvel.

Mas o que vem do teatro? Configuram-se personas, inevitavelmente. E surge uma fábula. Porém, tanto as primeiras quanto a segunda não conduzem a cena num vínculo dramático, mas antes são exploradas áreas fronteiriças, que apontam para o universo do teatro pós-dramático, seguindo as análises de Lehmann. Entre a consecução da personagem com o lugar instilam-se outros espaços, outras referências e discursos, incluindo metadiscursos. Uma das atrizes, por exemplo, utiliza o quadro para marcar as ocorrências e embates dos atores, definindo as escolhas processuais, discursando sobre o processo e colocando dúvidas. Assim, entendo que o teatro não é o lugar opera vinculos entre personagem e lugar. Esta é apenas uma de suas possibilidades: o teatro dramático. Cortiços navega nas fronteiras do sentido, recortando o texto a partir de alguns elementos (o casal, o proprietário, a negra), os espaços etc. A seleção musical dos sambas e a sonoridade mais abstrata configuram, além disso, uma condução do fluxo material e expressivo – um nome mais apropriado para o que chamamos comumente de texto cênico (que não é o texto literário e nem o texto dramatúrgico).

O movimento corporal, por sua vez, tanto comenta a cena quanto produz estados intensivos que realimentam as personas e desfazem, ao mesmo tempo, os vínculos do teatro dramático. Isso ocorre principalmente porque introduz planos heterogêneos à ação dramática. Esta permanece, ora submergindo ora reaparecendo, como se o grupo bebesse nessa fonte já bastante conhecida e, ainda assim, arriscasse a caminhar pelo deserto mais luminoso e árido, onde não há mais personas, mas somente corpos e forças atuando sobre corpos.