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Perpendicular: intervenção artística no entorno do museu

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O Museu Inimá de Paula (Belo Horizonte) lança o projeto Perpendicular: ações para museu. O projeto consiste na realização de intervenções artísticas no espaço urbano, mais precisamente, nas ruas que cirundam o museu. Segundo nota de divulgação, o evento terá três horas de duração, acontecendo no dia 28 de outubro, quarta-feira, às 19 horas.

Observamos que as diversas instituições se abrem cada vez mais para ações desse tipo, instaurando zonas de experimentação [ZnExs] em arte. O que desejamos é que surja, afinal, uma rede de ações permanentes, com investimentos voltados à sustentabilidade da arte da performance em Belo Horizonte. A iniciativa do Museu Inimá de Paula merece o nosso aplauso. Ao lado de outras ações que não têm caráter institucional, consolida-se uma vocação e uma ocupação criativa da cidade. Rompe-se, desse modo, o círculo do conservadorismo. Habitar a cidade passa a ser uma atitude estética. Alguns artistas e coletivos de criação, como o Poro por exemplo, poderiam acrescentar: uma dimensão política também (mas no sentido de uma micropolítica).

Por Luiz Carlos Garrocho

Um aprendiz do sensível. Professor, pesquisador e diretor de teatro. Filósofo.

2 respostas em “Perpendicular: intervenção artística no entorno do museu”

O grande problema, Garrocho, não é o uso estético da cidade, mas simplesmente tomar a cidade como uma galeria ou tela em branco, na qual o “artista” expõe sua arte pura e simplesmente sem dialogar verdadeiramente com o espaço, além de uma institucionalização da intervenção urbana (o que muitas vezes tira sua força e a coloca em lugar “oficial”).
O que quase sempre vemos é simplesmente o artista usando a cidade como uma galeria para expor seu trabalho, não se trata de uma atitude estética e sim de um deslocamento da Arte, tirando do museu e colocando na rua, mas ainda assim mantendo toda uma fetichização: a Arte continua sendo vista como instância elevada e separada.

Paulo,

Andei matutando com as questões por você levantadas. Há também uma análise de Mariana Lage no blog Arte Expandida, que está em ressonância com o que você diz: a institucionalização da intervenção urbana.

No blog de Mariana Lage eu cito, inclusive sua colocação. A minha saudação ao evento se deu, como disse no comentário lá, em função de estar havendo interesses de instituições na arte da performance.

No entanto, vejo que deparamo-nos com aspectos importantes e que merecem nossa atenção. Uma ética (não normativa, não moralista, mas que busca analisar a potência dos afectos em jogo) das ações artísticas não pode ser descartada. O que vemos, segundo sua análise, são novas formas de captura (do Estado ou da iniciativa privada ou de ambos) daquilo que procurava escapar por “entre”. A experimentação mais radical torna-se diluída. Precisamos mesmo de análises críticas do que está acontencendo. Até, porque, o “principal” fica “dentro” do museu!

O olho-de-corvo é isso: perceber no que já nasce fashion a deterioração dos sentidos e do sentido.

Na verdade, o que o campo da arte da performance precisa é de fomento e não de novas formas, mais sutis, de captura institucional. Uma questão de política pública para a cultura.

Abraços e agradecido pelo comentário

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