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Filosofia

Deleuze: fragmento e totalidade

deleuze

 

“Quando uma parte vale por si própria, quando um fragmento fala por si mesmo, quando um signo se eleva, pode ser de duas maneiras muito diferentes: ou porque permite adivinhar o todo de onde foi extraído, reconstituir o organismo ou a estátua a que pertence e procurar a outra parte que se lhe adapta, ou, ao contrário, porque não há outra parte que lhe corresponda, nenhuma totalidade a que possa pertencer, nenhuma unidade de onde tenha sido arrancado e à qual possa ser devolvido.”

Gilles Deleuze – Proust e os signos

 

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A performance que a Polícia Militar não suportou

 

No dia 07 de setembro de 2013, as ruas de muitas cidades do país foram tomadas por diversos tipos de manifestações. Em Belo Horizonte, um grupo foi duramente reprimido pela Polícia Militar, numa demonstração abusiva de força, prendendo alguns jovens. Neste vídeo, dois ativistas colocam-se numa linha bem próxima do batalhão de choque da PM. O que eles realizam, além do desejo de se manifestar, é uma performance artística. Nesse caso, há também toda uma teatralidade que é sabiamente controlada pelos performadores. Até o ponto em que o braço armado do estado não pode mais tolerar a ação performativa e decide efetuar a prisão. O governador Anastasia é o responsável por esse clima.

Alguém dirá que não se trata de arte. Não de uma estética da obra de arte, como mostra a pesquisadora Erika Fisher-Lichte. Mas sim de uma estética do performativo. Nesta, o acontecimento toma o lugar da obra. Ou, ainda, poderíamos pensar, nas trilhas de Ileana Diéguez, pesquisadora mexicana de artes cênicas, que estamos diante de uma “teatralidade liminar” – entre ação política e estética. E não é a tal da intencionalidade artística que definiria o que é arte. Aliás, essa definição não se faz mais operativa para dar conta das poéticas contemporâneas.

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Ativismo e Análise Política Geral

07 de setembro de 2013

 

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Imagem: Jornal Contramão

O dia 07 de Setembro de 2013 foi emblemático. A maioria das cidades teve protestos com altíssima repressão da Polícia Militarizada: choques elétricos, balas de borracha e bombas de lacrimogênio e efeito moral. A imagem acima mostra os mascarados militares jogando ao chão um manifestante pobre e mascarado. O governo Anastasia ainda falava, pela boca de um megafone do comando militar,  dizendo que estavam protegendo as “pessoas de bem”!

O braço armado do Estado local mostra a que veio: aqui, em Belo Horizonte, não tem chances de virar Rio de Janeiro! E tudo isso com o aplauso da imprensa. Um dos jornais, o Estado de Minas, estampava na primeira página que a Polícia Militarizada iria agir com dureza contra mascarados: tolerância zero. Não mostrou outros lados, outras versões, ou  problematizou o enunciado do braço armado do Estado. Não há críticas. Apenas celebração!      

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Trabalho precário. Por Akseli Virtanen

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“Normalmente entendemos por trabalho precário uma situação de trabalho onde nenhuma norma estável pode ser determinada em relação ao vínculo empregatício, à remuneração e ao horário de trabalho. Entretanto, o essencial da precarização não é a falta de normas relativas à relação de emprego – normas consideradas centrais no modelo fordista-keynesiano, que afinal só foram aplicadas durante um breve período, na metade do século XX -, mas a diminuição da relevância do trabalho atrelado a um determinado lugar, tempo e desempenho na produção do valor econômico. O trabalho se desprendeu de lugares, tempos e conteúdos específicos e se transformou numa categoria abstrata. Contudo, esta abstração do trabalho e do nosso compromisso pra com ele é algo real e concreto: ‘trabalho abstrato’ tronou-se uma categoria empírica, diferencial(*). A experiência da abstração do trabalho (o deslocamento em relação à sua concretude) se expressa, por exemplo, na perda de confiança em relação à permanência no emprego ou mesmo com relação à estabilidade em nossas profissões e áreas de trabalho, e temos que nos mover de tarefa em tarefa, de projeto em projeto. Lugares e tempos de trabalhos variam, e mais importante do que apreender algo ligado a um conteúdo específico é hoje ‘aprender a aprender’. Assim, como em qualquer empresa, preciso acompanhar o que acontece à minha volta ao mesmo tempo em que devo evitar uma relação excessiva ou profunda com as coisas que faço ou as pessoas que encontro. O compromisso é um risco, e pode levar ao fracasso pessoal quando as opções precisam ser deixadas em aberto em meio à multiplicidade de possibilidades imprevisíveis. De maneira que é preciso, cinicamente, não ter interesse em nada, sendo mais prudente manter-se um pouco distante e entediado.”

Akseli, Virtanen. O discreto charme do precariado, posfácio a Máquina Kafka – GUATTARI, Félix. Seleção e notas de Stéphane Nadaud. Tradução e prefácio de Peter Pál Pelbart. n-1 edições, São Paulo, 2011.

(*) Para o conceito de ‘real abstrato’ cf. Akseli Vitanen, “Arbitrary Power, or on Organization without Ends” (conferência). Ephemera. Theory & Politcs in organization, 209. The Swedish Dance History, Inpex, Stockholm, 2010.

Crédito da imagem: http://vk.com/alp_rzn

 

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Marcar e ser marcado: juventude e pixação

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“O Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais convida para o seminário “Juventude e Pixação – Marcar/Ser marcado” a se realizar no dia 4 de julho de 2013, às 14h, no auditório da FEAD (Rua Santa Rita Durão, 1160 – 6º andar, Funcionários), em Belo Horizonte.

Coordenado por Cristiane Barreto, Luiz Carlos Garrocho e Paulo Rocha, o evento contará também com as participações da psicóloga e diretora de projetos e pesquisa, Joana Ladeira; da psicóloga e especialista em gestão social, Flávia Soares; do psicólogo e especialista em gestão, elaboração e avaliação de projetos sociais em áreas urbanas, Guilherme Dell Debbio; do psiquiatra e psicanalista, Musso Greco; e da psicanalista e professora, Ludmila Zaggo. As mesas terão como debatedores o psicanalista Sérgio Mattos e o professor de artes e filosofia Rogério Betonni.

As inscrições são gratuitas. Basta encaminhar um email para comunica2@crp04.org.brcolocando no assunto o nome do evento e informando seu nome completo, telefone e instituição que atua.  As vagas são limitadas.”

Mais informações pelo telefone (31) 2138-6769.

Outras referências –

Agenda Juventude e Pixação

Pixo: política pública ou criminalização?

Manifesto Liberdade aos Piores de Belô. Conjunto Vazio