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Ativismo e Análise Política Geral

31 de março: a hora da verdade no aniversário do golpe militar

Imagem de Tomás Rotger

31 de março de 1964. Eu tinha 10 anos de idade e brincava na rua com meus amigos. Ouvimos as sirenes e corremos para ver os carros de polícia subindo em alta velocidade a Rua do Ouro, em Belo Horizonte. Eles iam em direção ao Convento dos Dominicanos. Diziam que eles escondiam comunistas lá dentro.

Com o tempo vieram as aulas de Moral de Cívica. O regime militar tentava se perpetuar. Queriam porque queriam formar uma geração anticomunista, obediente e ufanista. Veio o milagre econômico. E assim que crescemos um pouco, o conhecimento das torturas e assassinatos cometidos pelos militares e policiais, com a conivência de muitos políticos e parte da sociedade.

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Arte e Cultura Geral Micropolítica Zonas Experimentais [ZnEx]

Intervalo, respiro, pequenos deslocamentos: ações poéticas do Poro

O Poro, formado por Brígida Campbell e Marcelo Terça-Nada, está lançando seu livro. A dupla de intervenção urbana registra em imagens e textos o percurso e o embate de sua poética. De minha parte, a alegria torna-se maior por ter escrito, juntamente com Daniel Toledo, um dos artigos. Escreveram também: André Brasil, Anderson Almeida, Daniela Labra, André Mesquita, Ricardo Aleixo, Renata Marques com Welington Cançado e Newton Goto.

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Arte e Cultura Políticas culturais Políticas públicas

Indústria criativa não é panaceia: os equívocos do Minc

Falar das chamadas indústrias criativas tornou-se quase uma obrigação. Até porque, agora, uma secretaria do Ministério da Cultura foi criada para cuidar das Economias Criativas. No entanto, parece que isso virou uma panaceia. A ministra Ana de Hollanda, numa recente entrevista à Folha de São Paulo (13.01.20011), diagnosticou a necessidade de emancipação das Leis de Incentivo e, consequentemente, de profissionalização dos artistas, afirmando que a economia criativa prepararia “o ambiente para que isso flua, para que a produção seja difundida.” E é nesse diagnóstico e nesse vínculo causal que residem os equívocos da nova orientação do Minc.

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Geral

Travessia de Arnaldo

Deu-se no dia 01.02.2011 a travessia de Arnaldo Garrôcho, meu pai, aos 94 anos de idade. Que o bardo da vida e da morte dessa possa lhe trazer alento e clareza. Morreu em casa, sem passar pelos hospitais e pelos procedimentos invasivos. O que para uns é  um privilégio, para outros uma sorte, e para alguns, uma maestria.

Arnaldo foi um cirurgião dentista, nascido em Teófilo Otoni, que veio para Belo Horizonte com sua família na década de 1960. Trabalhou no antigo INPS e no seu consultório particular. O meu irmão mais velho, também chamado Arnaldo, seguiu a mesma profissão.

Os últimos dias de meu pai foram aqueles em que todas as questões nos acossam e nenhuma resposta nos socorre. A não ser aquela que o azul dos seus olhos exibia: algo está se passando.

Para além e por entre as cotidianas facetas, vejo no meu pai os traços do empírico, do existencialista dramático, do contador de histórias e do clown.

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Política cultural: redes ou centralidade?

Imagem: Glenio Campregher

A transição política no Ministério da Cultura já apresenta os primeiros sinais de mudança. A pergunta: em que medida o discurso de posse da Ministra da Cultura, Ana de Holanda (01), modifica ou reafirma as conquistas culturais ocorridas na gestão de Gilberto Gil e, de certo modo, garantidas por Juca Ferreira?

Uma análise nessa direção deve nos precaver, entretanto, de cair numa possível negatividade. Opor-se ao outro, diria Nietzsche, é próprio da fraqueza. A potência, ao contrário,  quer afirmatividade.  Por isso mesmo, o artigo em tela não esconde sua opção: afirma a importância da política cultural colocada em prática por Gilberto Gil e Juca Ferreira. Não por ser “propriedade” de alguém, mas por ter ocorrido uma apropriação da ordem da multidão conectada (e não das massas). E também porque foi objeto de discussão pelo país afora. Manifestamos, assim, nosso desejo de continuidade e, mais do que tudo, queremos o avanço social dos mecanismos de gestão pública implantados, entre eles a participação de amplos setores da sociedade civil.

Estamos no momento, portanto, de anotar e avaliar a transição política no Ministério da Cultura. Todas as nossas boas-vindas a essa pessoa que é Ana de Holanda. Se examinamos algumas de suas posições, o fazemos para discutir ideias e não pessoas. E alguns pontos merecem destaque.