“O eterno retorno é potência de afirmar, mas ele afirma tudo do múltiplo, tudo do diferente, tudo do acaso, salvo o que os subordina ao Uno, ao Mesmo, à necessidade, salvo o Uno, o Mesmo e o Necessário. Do Uno, diz-se que ele subordinou o múltiplo uma vez por todas. E não é a face da morte? Mas não é a outra face, a de fazer desaparecer uma vez por todas tudo o que opera uma vez por todas? Se o eterno retorno está em relação essencial com a morte, é porque promove e implica “uma vez por todas” a morte do que é uno. Se ele está em relação essencial com o futuro, é porque o futuro é o desdobramento e a explicação do múltiplo, do diferente, do fortuito por si mesmos e “para todas as vezes.

Tiago Gambogi e Maggi Shallow estão apresentando o novo espetáculo, ‘EXTRAORDINARY’ – Everyone has a dream – um teatro físico que é um misto de dança, texto, ação poética e música. Veja mais sobre o novo trabalho do seu grupo sediado em Londres, f.a.b. The Dtonators, no My Space.
Conheci Tiago Gambogi no Curso Técnico de Ator da Fundação Clóvis Salgado, quando ele foi meu aluno por uns poucos meses. Ali, pude perceber a estranha sensibilidade de Tiago. Realizávamos alguns jogos com objetos, de modo não realista. Ele acionava sua imaginação e criava situações inusitadas e sensíveis, exigindo dos seus parceiros de jogo uma atualização constante. Qual era o segredo? Ele brincava, se envolvia, acreditava nos estímulos que gerava no espaço. Era generoso e não se furtava ao que acontecia na cena.
Tiago queria mais. E logo partiu para outra, pois a formação de ator era determinada, naquela época, pelos ingredientes clássicos e interpretativos. O que não lhe fazia a cabeça. Resolveu, então, desembarcar no Oficcina Multimédia, um grupo de pesquisas teatrais performativas. De lá tomou rumos mais radicais, estudando dança e performance, até criar seu próprio grupo, com a parceira Margaret Swallow. Vez por outra temos a oportunidade de assistir, aqui no Brasil e em Belo Horizonte, seus trabalhos. O último, Made in Brasil, tem um texto neste blog: Uma conexão Londres-BH.
Todo mundo tem um sonho.
Algumas pessoas perguntam se é possível, no âmbito das políticas públicas de cultura, realizar um trabalho que contemple a diversidade, a inovação, a transdiciplinaridade, os novos agenciamentos e apropriações coletivas e democráticas dos espaços e tempos.
Respondo afirmativamente. E como termino um ciclo de gestão cultural, quando estive à frente dos Teatros da Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte (2005 a 2009), apresento este pequeno balanço das horas.
A imagem acima traz a página de um dos jornais de Belo Horizonte (Jornal O Tempo, matéria de Daniel Barbosa ), mostrando a arrancada da ação. Na foto, Ricardo Aleixo e Renato Negrão, poetas e performers que se apresentaram no evento de abertura com outros artistas, lançando também a Zona de Invenção Poesia &, parceira da Arte Expandida.
Em tempos de “cultura como negócio”, um bom antídoto é o artigo de Bernard Stiegler, que denuncia a miséria simbólica produzida pela indústria cultural. O texto, do qual reproduzo um pequeno trecho, encontra-se publicado originalmente na versão eletrônica do Le Monde Diplomatique:
Imagem Spitfirelas
Fiquei de escrever sobre o Encontro de Criadores e Coreógrafos do Festival NovaDança, em Pirenópolis.
Na primeira parte faço um relato breve do Encontro, trazendo para a tela algumas coisas que anotei no meu caderno. E na segunda parte apresento algumas questões que me rondaram e ainda me visitam. Não são propriamente as questões da dança, mas aquelas que um pesquisador e criador no campo das fronteiras borradas entre teatro e dança.