Festival Internacional de Teatro – Fit BH

O Festival Internacional de Teatro Fit/bh – está aí, entre 26 de junho e 06 de julho. Espetáculos, intervenções urbanas, workshoops, debates, exposições e lançamento da Fit Revista.

Não percam, nos Eventos Especiais, o workshoop de Johannes Birringer, Performance e Tecnologias Interativas, que o Fit promove em parceria com o Laboratório: Textualidades Cênicas Contemporâneas. As inscrições foram prorrogadas até 16/06/08 e podem ser feitas no site do festival.

Referências:

Blog do Fit
BIRRINGER, J. Performance, tecnology and science. PAJ Publications: 2008
____________ Performance on the edge: transformations of culture. Continuum International Publishing Group: 2006)
____________Theatre, theory, postmodernism (drama and performance studies). Indiana University Press (1993).

Alienation Company

Performance e Tecnologia

arte de Rico Mate para a edição de 2006 de improvisões

O Centro Cultural da UFMG produziu um seminário sobre performance e tecnologia. Fui convidado pela diretora do espaço, a artista e pesquisadora de teatro, Rita Gusmão (UFMG), a falar sobre o projeto Improvisões – criação cênica em processo, que faz parte da Ação Arte Expandida dos Teatros da Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte. ██ Bia Medeiros, pesquisadora e integrante do grupo Corpos Informáticos da UnB, falou sobre Bernard Stiegler, filósofo que dirige o Centro de Arte e de Cultura Georges Pompidou e vem desenvolvendo um pensamento criativo e inovador sobre arte e cultura. Sitiegler foi preso aos 26 anos por assalto à mão armada, ficando 05 anos detido. Nesse tempo dedicou-se a estudar e formou-se como doutor em filosofia. ██ No livro Bernard Stiegler – reflexões (não) contemporâneas, do qual Bia Medeiros é organizadora e tradutora, encontramos trechos de um pensamento radical. O autor realiza uma crítica da sociedade que ele denomina de hiperindustrial, cujo objetivo é “formar os comportamentos no sentido dos interesses do consumo”. ██ Stiegler busca na arte meios de resistência e afirmatividade, invocando “singularidades inconsumíveis, não-contemporâneas e intempestivas”. O texto direto e contundente de Stiegler coloca à nossa disposição uma máquina pensante para enfrentar a cooptação de nossos tempos, o conformismo e a mercantilização da arte e da cultura, tomadas como a última nota a ser mastigada sem dó. ██ Bia Medeiros lançou também o livro Aisthesis – estética, educação e comunidades, com prefácio de Lúcia Santaella. Bia começa seu livro sugerindo: “leiam os textos filosóficos como poesia”. ██ Na mesma mesa, Mabe Bethônico, da Escola de Belas Artes da UFMG, falou sobre o projeto da web museumuseu, discutindo essa ferramenta e uma nova concepção do espaço/conceito de museu. ██ Sobre Improvisões, apresentei em linhas ágeis a sua idéia: um projeto que dispõe recursos e abre espaços para que artistas das mídias da imagem, do corpo e do som possam estabelecer um diálogo não hierárquico, ao vivo, diante do público. O projeto tem a co-idealização de Marcelo Kraiser (UFMG/Escola de Belas Artes), contando com as consultorias de André Lages, Eduardo de Jesus e Vera Casanova, além do próprio Marcelo. Ao lado das performances de improvisação intermídias, ocorrem as performances/conferências, chamadas de Pensamento disparado. O projeto ocorre no Teatro Marília, em novembro, e já está na sua 3ª edição. Será publicado um edital para seleção dos artistas, detalhando verba, condições técnicas etc. Um projeto para singularidades inconsumíveis! ██ Aproveitando, ainda, a presença de Fernando Mencarelii na audiência, apresentei também em linhas bem rápidas o projeto Laboratório: Textualidades Cênicas Contemporâneas, do qual ele, juntamente com Nina Caetano, formam a curadoria. ██ Na noite seguinte, Marianna Monteiro, da UnB, situou uma discussão sobre performance e tecnologia. O debate estendeu-se pela audiência, abrindo brechas para repensar a indústria espetacular e as alternativas que driblam as formatações prévias do mercado. Surpresa para mim foi conversar com Marianna e relembrar o grupo Ananke, que surgiu no meio do Oficina do Zé Celso, nos anos 70, liderado por Joel. Eles encenavam As Criadas, de Genet, numa visada que misturava sadomasoquismo, militarismo e macumba. O ponto cantado do grupo era um grito de guerra: a casa da patroa vai cair! Por onde andavam, levavam às últimas conseqüências esse propósito. Não são coisas de um passado, mas forças que atravessam um tempo não linear. E a noite de Belo Horizonte seguiu esfriando com suas sombras e luzes. ██

Livros lançados no Seminário:

MEDEIROS, Maria Beatriz de (orga. e trad.). Bernardo Stiegler – reflexões (não)contemporâneas. Chapecó: Argos, 2007
_____________________. Aisthesis – estética, educação e comunidades. Chapecó: Argos, 2005.

MEDEIROS, Beatriz; MONTEIRO, Marianna; MATSUMOTO, Roberta. Tempo e performance. Brasília: Editora de Pós-Gradução em Arte da Universidade de Brasília, 2007.