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O Teatro de Grupo: uma resposta aos mestres

Imagem: Tomás Rotger

Dois diretores do Teatro Mineiro deram uma entrevista ao jornal O Estado de Minas, que foi intitulada de  “Vozes da Experiência”. O que eles disseram tem a ver exclusivamente com a configuração dos agenciamentos maquínicos pelos quais estão passando. E assim com qualquer artista e ser humano engajado na luta pela criação ou pela produção de si.

Porém, em alguns trechos a entrevista deprecia todo um movimento deflagrado pela produção de Teatro de Grupo. E é justamente aí que a coisa se complica. Os dois diretores, Pedro Paula Cava e J. D’angelo, acabaram gerando uma polêmica. Principalmente porque o outro lado, depreciado pelas críticas, não foi ouvido.

Gustavo Bones, jovem artista e um dos fundadores de um dos mais criativos e aplaudidos (por público e crítica) grupos de teatro de Belo Horizonte, o Espanca, devolveu o troco. A partir das mesmas perguntas feitas pelo jornalista, Gustavo Bones fez outra entrevista, intitulada, não sem um tom de ironia,  de “Resposta aos Mestres”.  Como o texto de Gustavo circulou em email aberto, não sendo obviamente publicado pelo jornal, abrimos o espaço para a sua réplica. Passemos, então,  ao conteúdo da matéria, apresentando no  final desta os link para a entrevista que originou a resposta, incluindo tréplica e outras repercussões.

Arte e Ativismo


Não estou falando de representação política em arte. Estou falando de arte como ativismo político. A idéia de que a arte deve refletir seu tempo é triste, no mínimo.

Vi, há tempos, num dos jornais de TV, a imagem de um garoto palestino atravessando um local vigiado por soldados israelenses e, num gesto rápido com um spray, manchar de vermelho o tanque de guerra, que tinha um tom amarelado. Os soldados disparavam suas máquinas de matar para o alto, tentanto dissuadí-lo, mas ele não parava, até conseguir o mínimo de efeito. Depois do ato, ou melhor, no meio do ato, é submetido.

Isso é arte? Algumas pessoas acreditam que não. Aquele garoto fazia um protesto e não uma obra de arte, estão convencidos. Obiamente, que uma ação como a do garoto não tem créditos. Como vender? Além disso, como categorizar? Porém, esse pensamento não consegue imaginar que a arte pode ser atitude e não obra, como me alertou, num café, Flávia Pinto. Ora, o garoto poderia lançar uma pedra, uma coquetel molotov, sei lá, mas correu riscos para tingir de vermelho.

Quem quiser ver mais imagens como o grafite acima, pode procurar no site do grafiteiro Bansky ( www.banksy.co.uk ).

Há também no site do Rizoma um texto de Ricardo Rosas, intitulado (Ins)urgências, de onde tirei a imagem, que atravessa o tema: http://www.rizoma.net/interna.php?id=210&secao=artefato . No mesmo site, André Mesquita aborda o hibridismo entre arte e política num texto intitulado Arte-ativismo: interferência, coletivismo e transversalidade – http://www.rizoma.net/interna.php?id=300&secao=artefato .

Não percam também o debate com Geert Lovink, um dos co-fundadores da lista de discussão Nettime, sobre as relações entre arte, ativismo e mídia tática: http://pphp.uol.com.br/tropico/html/textos/2668,1.shl . Vale a pena também conferir o site do Grupo Escombros (La Plata): http://www.grupoescombros.com.ar/00-galeriafotos.htm , que desenvolve uma militância política e estética, sempre em obras (escombros) nas ruas, através de performances, instalações, manifestos poéticos etc. E o Living Theatre, que marcou os anos 60, continua no combate: http://www.livingtheatre.org/ .

De Michele Ferreira, atriz:

Querido Garrocho, gosto da prosposta, instigante, nos faz realmente pensar na cena contemporânea e na sua inquietante busca de uma nova abordagem e de uma nova relação com o público e, qual o papel e o “discurso da cena”que nós atores somos levados (e obrigados) a provocar…
Provocação…. Talvez seja essa palavra que traduza o seu blog.
Idéia Aprovada! (rs)
Um abraço
Michelle