A obra de arte funcionou durante alguns séculos como algo oposto, complementar ou compensatório em relação à vida – e a toda a sua instabilidade. Assim, a arte elevaria o acidente do mundo sensível a um grau de conhecimento superior. Pois no acidental que é inerente à nossa existência, há um lance de desordem que nos atinge: ficam nossas certezas suspensas. Dito de outro modo: algo nos fez desviar do que seria a essência de uma coisa. E que foi creditada ao idêntico, ao permanente e ao contínuo. Ficamos abalados. Depois, transcorrido o desvio, volta-se rapidamente ou de algum jeito a uma estabilização. As emoções, a vontade de saber as causas (principalmente quando o acidente causa sofrimento), tudo nos remetendo de volta ao nosso mundo aparentemente seguro. E quando são aqueles acidentes, planejados por outros ou não (pois para quem vive o transcuro cotidiano não os esperam), que produzem catástrofes, compramos jornais, conversamos sobre o assunto… No entanto, a incerteza continua operando à nossa revelia.
Listo, a seguir, algumas atitudes possíveis em relação à conexão arte-acidente: