A Manifestação Internacional de Performance/Mip 2009, está ocupando espaços e tempos de Belo Horizonte, com apresentações no período de 03 a 09 de agosto de 2009.
A presença da performance como linguagem tem conquistado públicos e artistas. A Mip é uma mostra desse desejo e é realizada pelo Ceia – Centro de Experimentação de Arte e Informação, com idealização e coordenação de Marco Paulo Rolla e Marcos Hill. Aliás, devo a Marcos Hill a minha iniciação no campo da performance art, desde sua conferência no Centro de Cultura Belo Horizonte, no Seminário sobre Performance, que teve curadoria de Ricardo Aleixo e contou, entre as presenças, com o nosso saudoso Renato Cohen. Depois disso Hill ministrou uma oficina para uma montagem minha no Curso de Artes Cênicas/ Escola de Belas Artes/UFMG. Marco Paulo Rolla é um dos pioneiros da performance em Belo Horizonte, sem falar nas suas instalações e trabalhos surpreendentes.
Outro dia participei de uma discussão na sede da Cia da Farsa, no projeto Diálogos da Farsa justamente sobre o tema hibridismo nas artes. O foco eram as conexões entre teatro e dança, mas que acabavam por resvalar necessariamente no campo da performance art. Na ocasião, entre as colocações diversas, sugeri que pensar por modos de classificação e identidade (A=A que não B) era um modo de funcionar, mas que não era o único. Isso é muito comum quando nos deparamos, principalmente, com novas expressões artísticas. Queremos “parar” o pensamento, encontrando a imagem que nos conforta.
A performance art é um exemplo de criação que perde suas potências quando queremos “parar” seu movimento. Não quer isso dizer que não podemos definir. Ocorre, entretanto, que um mode de definir é operar por recorte e encaixe conceitual (os limites e ajustes entre as partes) e outro, por variações internas e zonas de vizinhança (Deleuze e Guattari), produzindo um pensamento nômade, em contínua transformação.
Pensar é continuar criando e não simplesmente um modo de colocar as caixinhas separadas e se dar por satisfeito com isso. E a arte é o melhor meio de provocar o pensamento. As manifestações de performance estão aí, fazendo seus convites.
A performance é uma invenção recente, apesar de o ser humano estar performando desde sempre. Ninguém mais quer classificar o cinema – ele está aí. Começamos a pensar, provocados pelo cinema. O mesmo ocorre com a performance: ela não é a mistura desse ou daquele campo artístico. Não é uma soma. E ficar pensando na sua suposta origem (nasceu nas artes plásticas ou no teatro?) não gera também potência de pensamento. A performance é antes de tudo um meio que corre na sua própria velocidade.
A Mip/2009 é uma oportunidade de entrar em contato com toda a pulsação de criações artísticas singulares, moleculares e nômades.
Referências –
No site do Ceia – Centro de Experimentação de Arte e Informação você poderá ter acesso a preciosos documentos sobre a performance, podendo realizar dowloads de catálogos, textos etc.
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