O Arte Esquema, no auge das mazelas apodrecidas e expostas na mídia sobre o Senado, brindou-nos com as imagens de Maranhão 66, filme de Glauber Rocha, encomendado em 1966 pelo então governador José Sarney, para documentar sua posse. O tiro saiu pela culatra: Glauber Rocha foi além da encomenda e revelou as contradições, o delírio discursivo e o transe.
Agora que o assunto parece ter sido enterrado, revejo o filme e constato a beleza de sua composição. Estão ali os elementos de Terra em Transe (Glauber confirma que utilizaria as experiências de som direto, a vivência de uma posse política etc.). Foi muito explorada, na ocasião, a oposição discurso e miséria, o retrato do nosso populismo etc. Porém, o filme é isso tudo e mais: o barroco de Glauber, a força de sua montagem, o delírio das imagens.
Uma aula de composição.