O sonho foi assim: um grupo de pessoas encontra-se num deserto em meio a tempestades de areia. Deparam-se com alguns abrigos, cada um deles contendo estranhos instrumentos musicais, formados por pequenas tábuas muito finas, compridas e paralelas, que recebiam os ventos e, através do seu sopro compunham música. Instrumentos pobres, pessoas estranhas, dispostas a serem soterradas pelas areias carregadas pelos ventos do deserto à noite. Uma atriz, escavando a areia e encontrando corpos e instrumentos pergunta se vale a pena morrer por isso.
Um dos instrumentos tocado pelo vento gera uma cadeia mutante de três expressões: birds – cor preta – cor azul. Os compositores do deserto estão agora reunidos: entre eles, o músico e irreverente poeta do rock Frank Zappa que pergunta pelo significado da palavra prometerium. É só o tempo de clicar e abrir o programa do dicionário eletrônico, mas Zappa já havia resolvido por si mesmo e continuava a compor. Talvez, não seria ali, no dicionário, que o sentido da expressão pudesse ser encontrado.
Será mesmo esta palavra – prometerium? Quando eu a procuro, vasculhando as réstias de luz da manhã, encontro a palavra folículo. Esta teria a chave para encontrar aquela. A que intervalo de significado se liga esta palavra, encontrada no estado de vigília. Como voltar a sonhar? A dica será folículo? No dicionário, descubro que “prometer” vem do latim, promettere, “atirar longe”. Por que a designação em rium?
Aquelas pessoas andam. E encontram uma mulher negra, de vestido branco, na porta de uma casa pequena, de madeira cinzenta já desgastada pela chuva, e quase cantando pronunciam a palavra florange, enquanto ela levanta suavemente os calcanhares.