A imagem da jovem agredida na manifestação do dia 17.06.2013 em Belo Horizonte é emblemática da violência e descontrole da Polícia Militar. A marcha era pacífica e caminhava, com acompanhamento dos policiais militares, para o Estádio Magalhães Pinto (Mineirão). O acerto era de que poderiam ir até lá, mas que não deveriam ultrapassar a área de segurança. Ocorre que no meio do caminho, perto da UFMG, a polícia monta uma barreira e impede que os manifestantes prossigam. E começam a lançar bombas e a atacar com balas de borracha, já que os jovens queriam continuar.
O Comando do Polícia Militar disse que a corporação apenas reagiu aos f atos de vandalismo. Muitos jornalistas e manifestantes afirmam que isso não ocorreu. A comandante da tropa estava no meios da multidão quando ocorreu o lançamento das bombas. Segundo os jornais, ela mesma não soube explicar o motivo.
Qual a verdade? Simples assim: houve uma mudança de planos e de orientação por parte do governo e da Polícia Militar. Depois, o governador Anastasia posa de apoiador e diz que é preciso ouvir as vozes das ruas – como se isso não tivesse nada com ele.
A verdade se desenha diante de nós: pode andar pelas ruas, mas não pode se aproximar do Estádio nos jogos da Copa. Um manifestante afirmou que policiais militares diziam, em meio ao combate, que eles não podiam entrar no “território da Fifa”. No meio do caminho, alguém deu a ordem para não deixar a turma seguir. E como eles insistiram, veio o comando para usar a força. Além disso, mesmo se revidasse a ação de alguns “vândalos”, as imagens e os testemunhos são muito claros: a Polícia Militar de Minas Gerais agiu com extrema e descontrolada violência. O que somente comprova o despreparo para esse tipo de conflito.
Estamos sob um Estado de Sítio não declarado e o Governo Federal ainda envia tropas para ajudar o governador Anastasia a manter os acordos com a Fifa.
A Polícia mentiu, o governo Anastasia mentiu e parte da mídia não só aceita a justificativa como a endossa, chamando sempre a atenção para os atos de vandalismo. Cabe dizer que o único jornal que mostra os dois lados é o Jornal Hoje em Dia, de onde as imagens e o vídeo foram tirados. Entretanto, o título da matéria é péssimo: “Universitária que apanhou da polícia…” Ora, o verbo “apanhar” carrega outras conotações. Ela foi agredida. E segundo alguns manifestantes, porque se aproximou tentando ajudar uma pessoa que havia caído.
Alguém acredita que haverá investigação séria por parte da PM, a respeito da jovem agredida e de outros atos descabidos, como disse o Comando da PM?
Veja o vídeo da agressão sofrida pela jovem:
Referências –
4 respostas em “Comando da Polícia Militar não fala a verdade”
[…] Comando da Polícia Militar não fala da verdade. Por Luiz Carlos […]
“A Polícia Militar de Minas Gerais teve dificuldades de atuar de forma ostensiva para conter os vândalos que faziam depredações na Avenida Antônio Carlos, no final da tarde e no início da noite desta quarta-feira, porque havia ali uma grande movimentação de manifestantes pacíficos que não estavam envolvidos nas ações de vandalismo no local. Qualquer ação mais brusca da Polícia Militar, naquele momento, poderia causar pânico nessas pessoas. Além disso, o viaduto que fica na esquina entre as avenidas Antônio Carlos e Abraão Caram estava repleto de pessoas, sendo um local muito sensível à ação de repressão da polícia. Os policiais militares não insistiram em forçar a passagem por este ponto para evitar uma provável catástrofe. Como havia muita gente no meio do caminho até chegar aos locais das depredações, não apenas os policiais como também os bombeiros tiveram dificuldades para se deslocar até aquela área”.
Eula,
O que você cita é o texto divulgado pelo Governo. Sim, tudo indica que a Polícia Militar-MG foi mais cuidadosa ao lidar com a manifestação do dia 26.06.2013, em Belo Horizonte. Aliás, justamente para evitar o massacre que realizaram na manifestação anterior que pegou tão mal para a corporação. Porém, eles atiraram sim bombas no meio dos manifestantes. Eu estava lá e pude testemunhar isso. Primeiro, atiraram as bombas na linha de frente, onde estavam os jovens dispostos a enfrentá-los. Depois, atiraram com morteiros, bem mais à frente, onde estava a multidão. Por fim, aqueles jovens desceram para a avenida, fazendo a fogueira para diminuir o efeito das bombas, já que elas caiam sistematicamente no local. Basta ver as fotos. Além disso o helicóptero voava por cima da multidão, ameaçador. No meu caso, pararam em cima da minha cabeça por um bom tempo, quando eu tentava filmá-los. Porém, isso não é o mais importante. Quero discordar dessa separação, produzida pela mídia e pela Polícia Militar, entre “vândalos” e “manifestantes”. Os chamados “vândalos” são manifestantes que estão dispostos e a enfrentar o aparato repressivo do Estado. Temário, concordo. Mas é isso. Não sou a favor e nem concordo com destruições, mas não posso aceitar essa “imagem” tão divulgada – ela é uma produção do Estado, da mídia e do conservadorismo, de esquerda e de direita. Esses jovens, pelo que vi, odeiam a Polícia Militar. E parece-me que eles têm seus motivos. Basta ver a cena de “desocupação” da Praça 7, logo em seguida, à noite. Sem esquecer do fato de terem atirado nas pessoas, nesta mesma praça, em outra manifestação, quando as pessoas estavam sentadas, em paz. Então, não é bem assim. A questão é a da inadequação do nosso modelo de Polícia aos tempos em que vivemos.
Prezada Eula,
Você está comprando a argumentação oficial. Os manifestantes reagiram ao fato de não poderem ir adiante, conforme acertado. Além disso, é no mínimo irônico, para não dizer terrível, que atacar com balas de borracha, espancar pessoa, inclusive uma jovem que tentava ajudar uma pessoas caída no chão, seja considerado “dificuldades de atuar de forma ostensiva para conter os vândalos…’ Se você concorda com isso…