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Marcar e ser marcado: juventude e pixação

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“O Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais convida para o seminário “Juventude e Pixação – Marcar/Ser marcado” a se realizar no dia 4 de julho de 2013, às 14h, no auditório da FEAD (Rua Santa Rita Durão, 1160 – 6º andar, Funcionários), em Belo Horizonte.

Coordenado por Cristiane Barreto, Luiz Carlos Garrocho e Paulo Rocha, o evento contará também com as participações da psicóloga e diretora de projetos e pesquisa, Joana Ladeira; da psicóloga e especialista em gestão social, Flávia Soares; do psicólogo e especialista em gestão, elaboração e avaliação de projetos sociais em áreas urbanas, Guilherme Dell Debbio; do psiquiatra e psicanalista, Musso Greco; e da psicanalista e professora, Ludmila Zaggo. As mesas terão como debatedores o psicanalista Sérgio Mattos e o professor de artes e filosofia Rogério Betonni.

As inscrições são gratuitas. Basta encaminhar um email para comunica2@crp04.org.brcolocando no assunto o nome do evento e informando seu nome completo, telefone e instituição que atua.  As vagas são limitadas.”

Mais informações pelo telefone (31) 2138-6769.

Outras referências –

Agenda Juventude e Pixação

Pixo: política pública ou criminalização?

Manifesto Liberdade aos Piores de Belô. Conjunto Vazio

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Os protestos, a Copa e a cidade

Fifa
Imagem: Comitê dos Atingidos pela Copa: https://www.facebook.com/atingidos.comitedacopa?directed_target_id=0

O fracasso da velha esquerda em pautar e conduzir os protestos não precisa necessariamente significar que os protestos não sejam de esquerda, como alguns sentenciaram horrorizados. Talvez signifique que a velha esquerda não seja mais esquerda. Não mais. Talvez signifique, aliás, que seja a hora de a velha esquerda reaprender a ser esquerda. E antes o levante qualificar a esquerda, do que esta a qualificá-lo.” Bruno Cava, Kairós Junino.

Apresento algumas anotações sobre a manifestação do dia 26.06.2013, a caminhada da qual participei até as proximidades do estádio Mineirão, quando Brasil e Uruguai jogaram pela Copa das Federações. Mais uma vez, o Estado e seu braço armado não permitem que os manifestantes adentrem no território da FIFA, impedindo a expressão dos descontentamentos e tudo vira uma zona de guerra.

O momento que vivemos é único, é novo e deflagra outros processos de subjetivação política, que até então não estavam presentes, pelo menos de modo tão contundente e amplo, no cenário político brasileiro. E talvez por isso mesmo cause tanta perplexidade. Movimento apartidário, sem mobilização não hierárquica e orientação unificante, envolvendo novos atores, como os jovens das periferias, muitos deles presentes nos combates mais duros. Pelo país inteiro enfrentam bombas de lacrimogêneo e de efeito moral, além das balas de borracha. A mídia, por sua vez, assim como os governantes, insiste em tomá-los como criminosos, separando-os das “pessoas de bem”. E há quem acredita nisso.

A cada novo protesto, um novo conflito, com feridos e prisões. E a pergunta que sempre surge: qual o próximo passo desses movimentos que tomaram as ruas das nossas cidades? Qual deve ser o foco? Como avançar? Frente ao clima de violência, às investidas da imprensa e do governo para criminalizar os jovens, sem falar nas infiltrações não controladas e imprevisíveis, não seria hora de repensar as táticas e os rumos do movimento? 

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Comando da Polícia Militar não fala a verdade

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A imagem da jovem agredida na manifestação do dia 17.06.2013 em Belo Horizonte é emblemática da violência e descontrole da Polícia Militar. A marcha era pacífica e caminhava, com acompanhamento dos policiais militares, para o Estádio Magalhães Pinto (Mineirão). O acerto era de que poderiam ir até lá, mas que não deveriam ultrapassar a área de segurança. Ocorre que no meio do caminho, perto da UFMG, a polícia monta uma barreira e impede que os manifestantes prossigam. E começam a lançar bombas e a atacar com balas de borracha, já que os jovens queriam continuar.

O Comando do Polícia Militar disse que a corporação apenas reagiu aos f atos de vandalismo. Muitos jornalistas e manifestantes afirmam que isso não ocorreu. A comandante da tropa estava no meios da multidão quando ocorreu o lançamento das bombas. Segundo os jornais, ela mesma não soube explicar o motivo.

Qual a verdade? Simples assim: houve uma mudança de planos e de orientação por parte do governo e da Polícia Militar. Depois, o governador Anastasia posa de apoiador e diz que é preciso ouvir as vozes das ruas – como se isso não tivesse nada com ele.

A verdade se desenha diante de nós: pode andar pelas ruas, mas não pode se aproximar do Estádio nos jogos da Copa. Um manifestante afirmou que policiais militares diziam, em meio ao combate, que eles não podiam entrar no “território da Fifa”. No meio do caminho, alguém deu a ordem para não deixar a turma seguir. E como eles insistiram, veio o comando para usar a força. Além disso, mesmo se revidasse a ação de alguns “vândalos”, as imagens e os testemunhos são muito claros: a Polícia Militar de Minas Gerais agiu com extrema e descontrolada violência. O que somente comprova o despreparo para esse tipo de conflito.

Estamos sob um Estado de Sítio não declarado e o Governo Federal ainda envia tropas para ajudar o governador Anastasia a manter os acordos com a Fifa.

A Polícia mentiu, o governo Anastasia mentiu e parte da mídia não só aceita a justificativa como a endossa, chamando sempre a atenção para os atos de vandalismo. Cabe dizer que o único jornal que mostra os dois lados é o Jornal Hoje em Dia, de onde as imagens e o vídeo foram tirados. Entretanto, o título da matéria é péssimo: “Universitária que apanhou da polícia…” Ora, o verbo “apanhar”  carrega outras conotações. Ela foi agredida. E segundo alguns manifestantes, porque se aproximou tentando ajudar uma pessoa que havia caído.

Alguém acredita que haverá investigação séria por parte da PM, a respeito da jovem agredida e de outros atos descabidos, como disse o Comando da PM?

Veja o vídeo da agressão sofrida pela jovem:

Referências –

Universitária que apanhou da PM diz que não tem raiva da polícia mas do seu despreparo – Jornal Hoje em Dia.

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A tomada das ruas no Brasil: que reivindicação é esta?

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Marcha em São Paulo: imagem de Irina Denali (http://via.me/-ct387fs)

 

 

Em 17 de junho de 2013, em plena Copa das Federações, as principais cidades do Brasil foram tomadas por manifestações. O motivo disparador foi o protesto contra o aumento do valor cobrado pelo transporte público. Os protestos começaram antes em São Paulo, semanas atrás. Após violenta repressão da Polícia Militar em São Paulo, o movimento tomou outras capitais e cidades. E em quase todos os lugares, o protesto é também contra os gastos governamentais com a Copa do Mundo (“Copa para quem?”), particularmente com a Fifa, que mantém o país em Estado de Sítio não declarado: proibição de manifestações, de eventos promovidos pelas comunidades (como festas juninas etc.). Eu diria que há um sentimento de revolta contra as autoridades que se curvam ao mando dos negócios e do capital. Cabe lembrar que a cidade de Porto Alegre teve, há mais tempo, uma revolta intensa contra o reajuste das tarifas.

O que mais chama a atenção, em algumas análises, é o fato de não haver hierarquias nesses movimentos, comando central ou motivação única. Os partidos políticos não controlam e nem constituem instâncias de representação, apesar de muitos tentarem capturar, em vão, o sentimento da multidão.

Mas, afinal, quem são os manifestantes. Cito um texto do blog do militante-ativista-sociólogo Bruno Cava, no blog Quadrado dos Loucos, intitulado Nós somos os vinte centavos, que retrata as pessoas à sua volta, numa manifestação: 

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Violência policial em BH: Não pise na grama

 

Reproduzo a seguir nota do advogado Joviano Mayer, que foi preso com violência pela Polícia Militar ao defender um amigo que havia pisado na grama, durante um evento cultural em praça pública, em Belo Horizonte.

O problema, adianto, não é somente a violência perpetrada por alguns indivíduos imbuídos numa função que deveria ser a de proporcionar segurança aos cidadãos. Mas sim nas orientações que estes recebem e no acobertamento flagrante de seus atos ilícitos. Belo Horizonte vive uma crise de segurança, escancarada desta vez pela imprensa.

A Polícia Municipal, por sua vez, antes desarmada e próxima dos cidadãos e das comunidades, agora exibe suas armas de choque elétrico e se mostra mais agressiva. Em Belo Horizonte, patrimônio edificado tem se mostrado mais importante do que a vida, o convívio mediado e a expressão.

E o efetivo policial militar se mostra ausente na proteção aos seus cidadãos, mas totalmente presente quando se trata de cumprir ordens do Estado-Polícia. E mais do que isso, de interpretar ao seu modo, em situações de conflito, o que entendem por missão da polícia.  A falta de preparo, o desequilíbrio emocional, o desrespeito às leis e ao cidadão, a falta de salários dignos e a inexistência de investimentos, tudo isso faz parte de nossa “política de segurança”.

A seguir, o depoimento. É de ficar estarrecido. A pergunta: vai ficar nisso?