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Dentro do ônibus: é tudo música

Entrei num ônibus diametral, desses que atravessam Belo Horizonte de ponto a ponto. Era cedinho e me deparei com um homem e sua viola num dos primeiros bancos. Do outro lado do corredor, um homem com um vozeirão impressionante, porém muito musical, falava com o motorista.

Antes que eu passasse na roleta, o ônibus faz uma parada no sinal vermelho. E o que acontece? O violeiro, uma pessoa indescritível, começa a tocar alguma coisa. Ao mesmo tempo, o homem sinaliza ao motorista, com malícia, sobre o outro motorista de um ônibus que acaba de chegar, bem perto. Eles começam a rir do colega e o homem grita pela janela, naquela sua sonoridade bruta e musical: 

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Playing for Change: músicos de todo o mundo

O projeto Playing for Change: Peace Throught Music é contagiante. Foi criado pelo engenheiro de som novaiorquino, Mark Johnson, que decidiu viajar pelo mundo e entrar em contato com músicos de rua de vários lugares, gravando uma mesma música. A idéia é a de que a música transcende barreiras e por isso pode promover a paz.  

Composições do deserto – ou pausa para um sonho

O sonho foi assim: um grupo de pessoas encontra-se num deserto em meio a tempestades de areia. Deparam-se com alguns abrigos, cada um deles contendo estranhos instrumentos musicais, formados por pequenas tábuas muito finas, compridas e paralelas, que recebiam os ventos e, através do seu sopro compunham música. Instrumentos pobres, pessoas estranhas, dispostas a serem soterradas pelas areias carregadas pelos ventos do deserto à noite. Uma atriz, escavando a areia e encontrando corpos e instrumentos pergunta se vale a pena morrer por isso.

Um dos instrumentos tocado pelo vento gera uma cadeia mutante de três expressões: birds – cor preta – cor azul. Os compositores do deserto estão agora reunidos: entre eles, o músico e irreverente poeta do rock Frank Zappa que pergunta pelo significado da palavra prometerium. É só o tempo de clicar e abrir o programa do dicionário eletrônico, mas Zappa já havia resolvido por si mesmo e continuava a compor. Talvez, não seria ali, no dicionário, que o sentido da expressão pudesse ser encontrado.

Será mesmo esta palavra – prometerium? Quando eu a procuro, vasculhando as réstias de luz da manhã, encontro a palavra folículo. Esta teria a chave para encontrar aquela. A que intervalo de significado se liga esta palavra, encontrada no estado de vigília. Como voltar a sonhar? A dica será folículo? No dicionário, descubro que “prometer” vem do latim, promettere, “atirar longe”. Por que a designação em rium?

Aquelas pessoas andam. E encontram uma mulher negra, de vestido branco, na porta de uma casa pequena, de madeira cinzenta já desgastada pela chuva, e quase cantando pronunciam a palavra florange, enquanto ela levanta suavemente os calcanhares.