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Poesia

A última vez

Imagem: do filme A última sessão de cinema (1971), de Peter Bogdanovich

Refugiado no instante

dou de cara com um antigo sonho  rasurado,

colado no ponto de ônibus.

Inventaram meus olhos,

(mais uma vez)

a palavra

Saudade.

Esquecida de si,

que alguém achou de encontrar

mas não conseguiu ler.

Pois de um papel gasto e um pouco rasgado,

sobrevive enquanto se apaga seu testemunho inacabado.

Com o desenho dos percursos

a perguntarem por qual modo de descaminho

a poesia escreve e canta um destino,

quando o vento nas calçadas 

já não varre mais

(como no cinema)

folhas

soltas

de um jornal.

Por Luiz Carlos Garrocho

Um aprendiz do sensível. Professor, pesquisador e diretor de teatro. Filósofo.

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